quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Para refletir!


    No Atendimento Educacional Especializado, quantos modelos padronizados de educandos estabelecemos em nossa mente e em nossa prática? Quantas concepções de educação, de aprendizagem, de avaliação e de deficiência apresentamos quando iniciamos nossos atendimentos? De que maneira essas concepções influenciam diretamente em nossa prática pedagógica?
            Essas reflexões são imprescindíveis para que a inclusão se efetive no âmbito escolar, pois para que esta aconteça muitas vezes, é necessário romper com modelos ideais de aluno, de formas de aprender, de ensinar, concepções de deficiência e com padrões estabelecidos por concepções que muitas vezes parecem imutáveis.

            A partir da percepção que somos todos diferentes, que aprendemos de maneiras diferentes, o Atendimento Educacional Especializado será um caminho essencial no desenvolvimento e na aprendizagem do educando público alvo da Educação Especial. Esse processo é muito importante, pois valoriza as especificidades de cada pessoa e direciona um trabalho a partir dessas características específicas, considerando os déficits e as potencialidades individuais, desassociada de um padrão ideal de aluno.  

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Surdocegueira e Deficiência Múltipla: entendendo esse desafio



                 Surdocegueira e Deficiência Múltipla: entendendo esse desafio

O contexto educacional inclusivo caracteriza-se por ser um espaço em que ocorre o acesso, a participação e a aprendizagem de todos os alunos, independentemente das potencialidades e dos comprometimentos apresentados pelos mesmos, sejam estes de natureza cognitiva, motora, emocional, neurológicas ou outras.
            Assim, no âmbito educacional é imprescindível o entendimento das diferentes deficiências ou síndromes de alguns educandos, pois cada característica exige uma metodologia e estratégias adequadas para garantir a inclusão de todos.
            Nesse interim, importa destacar as diferenças entre Surdocegueira e Deficiência Múltipla, para que no contexto educacional se percebam as necessidades básicas das mesmas, bem como as estratégias a serem utilizadas no processo educacional com os educandos que se enquadra em tais deficiências.
A surdocegueira se caracteriza por ser uma deficiência única, em que o indivíduo apresenta perdas auditivas e visuais. A Deficiência Múltipla, que é a associação de duas ou mais deficiências, o que requer intervenções pedagógicas de acordo com as deficiências apresentadas, pois ela pode se apresentar em diferentes associações: Física e Psíquica, Física e Sensorial, Sensorial e Psíquica ou Física, Psíquica e Sensorial.
            Esses educandos apresentam necessidades básicas, principalmente no âmbito da comunicação, sendo imprescindível que o professor saiba como o aluno estabelece comunicação com as pessoas, se o mesmo apresenta atitude de dependência ou autonomia e como é sua interação com os colegas. Portanto, para alunos que apresentam alguma limitação, em decorrência da surdocegueira ou deficiência múltipla, cabe ao docente o planejamento de intervenções pautadas no aprendizado e estímulo da linguagem, seja expressiva ou receptiva.
            Assim, os docentes devem considerar a forma particular de cada aluno em comunicar e expressar seus conhecimentos, suas ideias, seus sentimentos e necessidades, seja através do alguma forma de Comunicação Alternativa[1] e Aumentativa - CAA[2] (jogos educativos, gestos, expressões faciais, cartões de comunicação, pranchas alfabéticas e de palavras, computadores, vocalizadores, ampliações e outras) para alunos com comprometimento da fala, desde que estes recursos permitam a confirmação da aprendizagem, respeitando o estilo e o tempo de cada indivíduo.
Para este fim, é necessário que o professor viabilize, quando necessário, o uso de Recursos Pedagógicos Adaptados[3] e Recursos da Tecnologia Assistiva[4] de acordo com as necessidades específicas de cada aluno, para auxiliá-los na eliminação ou diminuição das barreiras (temporárias ou permanentes) impostas pela deficiência ou pelo meio.
Referências:
BOSCO, Ismênia C. M. G.; MESQUITA, Sandra R. S. H.; MAIA, Shirley R. Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar - Fascículo 05: Surdocegueira e Deficiência Múltipla (2010). 

[1] Procedimentos técnicos e metodológicos direcionado a pessoas acometidas por alguma doença, deficiência, ou alguma outra situação momentânea que impede a comunicação com as demais pessoas por meio de recursos usualmente utilizados, mas especificamente a fala.
[2] Área da Tecnologia Assistiva que se destina especificamente à ampliação das habilidades de comunicação (MEC, 2010).
[3] São recursos que englobam todas as formas de comunicação que possuem expressão lingüística na forma física e fora do corpo do usuário, como objetos reais, miniaturas de objetos, pranchas de comunicação com fotografia, fotos e outros símbolos gráficos e, ainda, os sistemas computadorizados.
[4] São recursos computacionais de hardware (equipamentos) e de software (programas) que auxiliam na promoção da funcionalidade de alunos com deficiência na realização das atividades escolares.

domingo, 23 de março de 2014

Educação Escolar de Pessoas com Surdez - Atendimento Educacional Especializado em Construção



Atualmente, a educação escolar de pessoas com surdez nos coloca uma nova concepção em foco o embate entre oralistas e gestualistas o que prejudica o desenvolvimento integral da pessoa com surdez no âmbito escolar, visto que o foco institucional deve ser a qualidade e eficiência nas práticas pedagógicas e não necessariamente centrado em uma linguagem específica (Libras ou Língua Portuguesa). É imprescindível trabalhar os aspectos os identitários dos surdos: cultura surda, identidade surda, línguas surdas e sujeito surdo, no entanto, não limitar o trabalho pedagógico com o aluno surdo somente ao mundo surdo, pois essa pessoa precisa se deslocar em diferentes mundos, como uma pessoa detentora de conhecimentos em diferentes aspectos, em diferentes contextos sociais e na sua vida.
            Assim, na pessoa com surdez, os processos perceptivos, linguísticos e cognitivos devem ser potencializados, para que assim essa pessoa consiga estabelecer interação e comunicação não somente na linguagem Brasileira de Sinais - Libras, mas em todas as linguagens utilizadas em seu contexto sócio-cultural, tanto no âmbito escrito quanto na leitura.
            Para tanto, a obrigatoriedade da educação bilíngue para os educandos surdos está prevista nos dispositivos legais do Decreto 5.626 de 5 de dezembro de 2005, que garante a formação da pessoa com surdez na Língua Brasileira de Sinais e na Língua Portuguesa, preferencialmente na sua modalidade escrita, e as estratégias com essas duas línguas deve ocorrer de forma simultânea no ambiente escolar.
            No que se refere ao Atendimento Educacional Especializado – AEE, este tem um papel fundamental na educação bilíngue pois organiza o trabalho complementar visando a autonomia e a independência social, afetiva, cognitiva e linguística da pessoa com surdez no contexto escolar e social. Para tanto, as estratégias desenvolvidas em sala de aula e no AEE devem possibilitar o estímulo e o desenvolvimento de uma abordagem bilíngue para a educação linguística da pessoa com surdez, através de mediações adequadas em que esse conhecimento seja para as relações sociais estabelecidas dentro e fora do ambiente escolar.
            Partindo desses pressupostos é importante pensar no currículo na educação bilíngue que não deve ser estanque, fragmentado, linear, hierarquizado, em que exista uma relação entre teoria e prática, possibilitando ao educando com surdez a construção de seu conhecimento a partir de mediações adequadas.
            Nessa perspectiva, importa destacar a Pedagogia Contextual Relacional que se caracteriza na formação do ser humano, em diferentes contextos que devem ser significativos, levando-se em conta todas as vivências da pessoa com surdez, ou seja, partindo da sua realidade para a construção de conhecimentos científicos, numa abordagem bilíngue.
            Para a elaboração das estratégias e recursos adequados, é importantíssimo o diagnóstico inicial do aluno com surdez para que a partir desse diagnóstico o professor do AEE, o que possibilita a percepção do percurso do processo ensino e aprendizagem do aluno com surdez. O AEE para a pessoa com surdez é realizado em três momentos didático-pedagógicos: Atendimento Educacional Especializado em Libras; Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa escrita; e o atendimento educacional especializado para o ensino de Libras. Neste plano são trabalhadas as duas línguas (Libras e Língua Portuguesa escrita) interligadas, possibilitando assim uma aprendizagem efetiva para a pessoa com surdez.

Referências:

DAMÁZIO, M. F. M.; ALVES, C. B. Atendimento Educacional Especializado do aluno com surdez. Capítulo 2. São Paulo: Moderna, 2010.